As relações culturais entre Portugal e Japão têm raízes históricas profundas, marcadas pelos primeiros contactos no século XVI. Foi em 1543 que marinheiros portugueses desembarcaram na ilha japonesa de Tanegashima, tendo sido estes os primeiros europeus a realizar este feito. Durante aproximadamente um século (e até ao chamado “Édito de Exclusão” de estrangeiros) os dois países mantiveram intensas relações comerciais, que foram mais tarde reatadas e que se mantém presentemente.
A influência mútua abrange áreas como arte, culinária e linguagem, refletindo-se na presença de elementos japoneses em certos aspetos da cultura portuguesa e vice-versa. Novos vocábulos entraram na língua japonesa, juntamente com os produtos que não existiam no Japão. Podemos citar, entre outros, o “pan” (pão), o “koppu” (copo), o “botan” (botão), o “tabako” (tabaco), o “shabon” (sabão) etc. Estas palavras de origem portuguesa, ainda se mantêm em japonês e são utilizadas na vida quotidiana. Por outro lado, existem em português palavras como “biombo” e “catana” oriundas do vocabulário japonês, apesar de ligeiras alterações na pronúncia.
Essa troca cultural é também notável, por exemplo, na introdução de produtos como o chá e a tempura em Portugal, enquanto o estilo de azulejos portugueses também influenciou a arquitetura japonesa, Esta interação destaca a diversidade e o enriquecimento mútuo das duas culturas ao longo dos séculos.
Contudo, a literatura japonesa possui características próprias, moldadas por séculos de tradição e influência cultural, da qual se salienta a concisão e a estrutura da expressão poética, exemplificado pelo Haiku; a valorização da simplicidade e o minimalismo na expressão literária; a exploração de temas associados a valores éticos e morais, emoções humanas, relações familiares e sociais, entre outros.
A iniciativa Fora da estante deste mês seleciona um conjunto de quinze títulos que visam dar a conhecer a singularidade da literatura japonesa, proporcionando, deste modo, uma experiência cultural aos leitores.
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