sábado, 31 de dezembro de 2022

Feliz 2023!



A equipa educativa da Biblioteca Escolar – Centro de Recursos Educativos da Escola Secundária da Amadora deseja à Comunidade Educativa e a todos os leitores / acompanhantes deste blogue um Bom Ano e reproduz para início de 2023 o poema de autor desconhecido, com o título "Cortar o tempo":


CORTAR O TEMPO

Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, 
a que se deu o nome de ano, 
foi um indivíduo genial. 
...Industrializou a esperança 
fazendo-a funcionar no limite da exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano 
se cansar e entregar os pontos. 
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez 
com outro número e outra vontade de acreditar 
que daqui pra adiante vai ser diferente para você, 
desejo o sonho realizado. 
O amor esperado. 
...A esperança renovada.

Para você, 
desejo todas as cores desta vida. 
Todas as alegrias que puder sorrir. 
Todas as músicas que puder emocionar.

Para você neste novo ano, 
desejo que os amigos sejam mais cúmplices, 
que sua família esteja mais unida, 
que sua vida seja mais bem vivida.

Gostaria de lhe 
desejar tantas coisas 
mas nada seria suficiente… 
Então, desejo apenas que você tenha muitos desejos. 
Desejos grandes e que eles possam te mover a cada 
minuto, rumo a sua felicidade!!!

 desconhecido

Nota: 
O texto inclui um poema de Roberto Pompeu de Toledo (primeira parte) e um trecho de Vilma Galvão. A autoria do texto tem vindo a ser erroneamente atribuída a Carlos Drummond de Andrade.

Fonte:
Carlos Drummond Agora (Em linha) (Consult. 30.12.2022) Disponível em

sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

Contrabando e natividade em "Fronteira"


Um conto de Miguel Torga



FRONTEIRA

"Quando a noite desce e sepulta dentro do manto o perfil austero do castelo de Fuentes, Fronteira desperta. 

Range primeiro a porta do Valentim, e sai por ela, magro, fechado numa roupa negra de bombazina, um vulto que se perde cinco ou seis passos depois.

A seguir, aponta à escuridão o nariz afilado do Sabino. Parece um rato a surgir do buraco. Fareja, fareja, hesita, bate as pestanas meia dúzia de vezes a acostumar-se às trevas, e corre docemente a fechadura do cortelho.

O Rala, de braço bambo da navalhada que o D. José, em Loivos, lhe mandou à traição, dá sempre uma resposta torta à mãe, quando já no quinteiro ela lhe recomenda não sei quê lá de dentro.

O Salta, que parece anão, esgueira-se pelos fundos da casa, chega ao cruzeiro, benze-se,  e ninguém lhe põe mais a vista em cima.

A Isabel, sempre com aquele ar de quem vai lavar os cueiros de um filho, sai quando o relógio de Fuentes, longe e soturnamente, bate as onze. Aparece no patamar como se nada fosse, toma altura às estrelas, se as há, e some-se na negrura como os outros.

O Júlio Moinante, esse levanta o gravelho, abre, senta-se num degrau da casa, acomoda o coto da perna da melhor maneira que pode, e fica horas a fio a seguir na escuridão o destino de um que lhe dói. Era o rei de Fronteira. Morto o Faustino nas Pedras Ninhas, herdou-lhe o guião. Mas um dia o Penca agarrou-o com a boca na botija, e foi só uma perna varada e as tripas do macho à mostra. Quando, naquele estado, entraram ambos em Fronteira, ele e o animal, parecia que o mundo se ia acabar ali. Mas tinha o filho, o João. E agora, enquanto o rapaz, como os mais, se perde nos caminhos da noite, vai-lhe seguindo os passos da soleira da porta.

Saem outros, ainda. Devagar, pelas horas a cabo, os que parece terem-se esquecido, vão deslizando da toca. Só mesmo quando não existe mais corpo adulto e válido no povo é que Fronteira sossega.

Coisa estranha: esta rarefacção que se faz na aldeia, longe de a esvaziar, enche-a. A terra veste-se de um sentido novo, assim deserta, à espera. Pequenina, de casas iguais e rudimentares, escondida do mundo nas dobras angustiadas e ossudas de uma capucha de granito, as horas que medeiam entre o seu coração e Fuentes são tão fundas e carregadas que quase magoam. Quem regressará primeiro?

Noventa vezes em cada cem, é a Isabel. Aquilo são pés de veludo! Mas às vezes é o Sabino. Sempre de nariz no ar, a bater as pestanas contra a luz da candeia, entra em casa alagado em água e com um bafo tal a aguardente que tomba.

         – Arruma!

 A mulher nem suspira. Pega no saco, mete-o debaixo da cama, e põe-se a lançar o caldo. Por fim, começa:

         – O Valentim?

         – Chumbo. Já passou.

         – O Rala?

         – Uma caixa de conhaque. Vem por Fornos.

         – O Salta?

         – Foi a Torneros. Volta amanhã.

         – A Isabel?

         – Seda. Ao sair do Padilha parecia um bombo.

E enquanto a maçã-de-adão sobe e desce no pescoço comprido do Sabino, e a malga de caldo se esvazia, das respostas que dá e do mágico ventre da noite, diante do olhar angustiado da Joana e de Fronteira, vão surgindo os que faltam ainda: o João, o Félix e o Maximino.

Quando algum não regressa, e por lá fica varado pela bala de uma lei que Fronteira não pode compreender, o coração da aldeia estremece, mas não hesita. Desde que o mundo é mundo que toda a gente ali governa a vida na lavoura que a terra permite. E, com luto na alma ou no casaco, mal a noite escurece, continua a faina. A vida está acima das desgraças e dos códigos. De mais, diante da fatalidade a que a povoação está condenada, a própria guarda acaba por descrer da sua missão hirta e fria na escuridão das horas. E se por acaso se juntam na venda do Inácio uns e outros – guardas e contrabandistas –, fala-se honradamente da melhor maneira de ganhar o pão: se por conta do Estado a vigiar o ribeiro, se por conta da Vida a passar o ribeiro. 

De longe em longe, porém, quando há transferências ou rendições, e aparecem caras e consciências novas, são precisos alguns dias para se chegar a essa perfeição de entendimento entre as duas forças. O que vem teima, o que está teima, e parece aço a bater em pederneira. Mas tudo acaba em paz. 

Desses saltos no quotidiano de Fronteira, o pior foi o que se deu com a vinda do Robalo. 

Já lá vão anos. O rapaz era do Minho, acostumado ao positivismo da sua terra: um lameiro, uma junta de bois, uma videira de enforcado, o Abade muito vermelho à varanda da residência, e o Senhor pela Páscoa. Além disso, novo no ofício – na guarda, para onde entrara em nome dessa mesma terrosa realidade: um ordenado certo e a reforma por inteiro. Daí que lhe parecesse o chão de Fronteira movediço sob os pés. Mal chegou e se foi apresentar ao posto, deu uma volta pelo povoado. E aquelas casas na extrema pureza de uma toca humana, e aqueles seres deitados ao sol como esquecidos da vida, transtornaram-lhe o entendimento.

         – Esta gente que faz? – perguntou a um companheiro já maduro no ofício.

         – Contrabando.

         – Contrabando!? Todos!? E as terras, a agricultura?

         – Terras!? Estas penedias!?

O Robalo queria falar de qualquer veiga possível, de qualquer chã que não vira ainda, mas tinha forçosamente de existir, pois que na sua ideia um povo não podia viver senão de hortas e lameiros. Insistiu por isso na estranheza. Mas o outro lavou dali as mãos:

         – Não. Aqui, a terra, ao todo, ao todo, produz a bica de água da fonte. O resto vão-no buscar a Fuentes. 

Mas nem assim o Robalo entendeu Fronteira e o seu destino. No dia seguinte, pelo ribeiro fora, parecia um cão a guardar. Que o dever acima de tudo, que mais isto, que mais aquilo – sítio que rondasse era sítio excomungado. Até as ervas falavam quando qualquer as pisava de saco às costas. Mal a sua ladradela de mastim zeloso se ouvia, ou se parava logo ou nem Deus do céu valia a um cristão. Em quinze dias foram dois tiros no peito do Fagundes, um par de coronhadas no Albino, e ao Gaspar teve-o mesmo por um triz. Se não dá um torcegão no pé quando apontava, varava a cabeça do infeliz de lado a lado. A bala passou-lhe a menos de meio palmo das fontes. 

Mas Fronteira tinha de vencer. Primeiro, porque o coração dos homens, por mais duro que seja, tem sempre um ponto fraco por onde lhe entra a ternura; segundo, porque o Diabo põe e Deus dispõe. 

Foi assim:

Apesar de inconvivente e mazombo, um domingo em que havia festa em Fronteira, o Robalo, que estava de folga, não resistiu: chegou-se aos bons. E quem havia de lhe entrar pelos olhos dentro ao natural, cobertinha da luz doirada do Sol? A Isabel! A rapariga tirava a respiração a um mortal. Vinte e dois anos que nem vinte e dois dias de S. João. Cada braço, cada perna, cada seio, que era de a gente se lamber. Ora como ele andava também na mesma conta de primaveras, e não era de pedra, o lume pegou-se à estopa. De tal sorte, que, quando o dia acabou, o Robalo não parecia o mesmo. Evaporara-se-lhe o ar de salvador do mundo, e até já via Fronteira doutro jeito. Se não fosse aquele maldito instinto de castro-laboreiro… Tempos depois, apesar de os amores com a Isabel irem de vento em popa, cama e tudo, ainda o ladrão se lhe sai com esta:

         – Gosto muito de ti, tudo o mais, mas se te encontro a passar carga e não paras, atiro como a outro qualquer.

          A Isabel riu-se.

         – Palavra? !

         – Palavra.

        — A mim?!!!

         – A minha mãe, que fosse…

 Desprenderam-se dos braços um do outro melancolicamente. E quando no dia seguinte o Robalo voltou ao ninho tinha a porta fechada.   

Como a vida em Fronteira é de noite que se vive, e o Robalo era todo senhor do seu nariz, puderam decorrer meses sem o rapaz pôr os olhos sequer na rapariga. Ela passava o ribeiro como podia, e ele guardava o ribeiro como podia.  

Fronteira olhava.  

E até ao Natal a vida foi deslizando assim. 

Na noite de Consoada, porém, aconteceu o que já se esperava. Parte da guarnição tinha ido de licença. Todos se chegavam ao calor da lareira familiar, saudosos de paz e harmonia. Mas o Robalo ficara firme no seu posto.

Nevava. Um frio tal que o próprio bafo gelava mal saía da boca. Visto de dentro da capa de oleado, o mundo parecia uma coisa irreal, alva, inefável como um sonho. O céu estava ainda mais silencioso e mais alto que de costume. E qualquer parte do Robalo, sem ele querer, diluía-se na magia que enluarava tudo. No Minho, numa noite assim… Pena a Isabel ter-lhe saído contrabandista… Tê-la encontrado numa terra daquelas… Senão, mais tarde, quando tivesse a reforma… Até mesmo agora… 

Comovido, deixou-se perder por momentos na vaga mansidão da brancura. 

Mas, como por detrás do homem o guarda continuava alerta, mal acabava de pisar aquele caminho sem pedras, já o seu ouvido de cão da noite lhe trazia à consciência um rumor de passos só pressentidos.

         Acordou inteiro.

         Tchap, tchap, tchap… Pela neve fora, da outra banda, aproximava-se alguém.

         Quem diabo seria? O Carrapito? O Carrapito, não.

Olha o Carrapito meter-se a um nevão daqueles! O Samuel? O Samuel também não.

Era mais atarracado. Só se fosse o Gregório… Sim, porque o Cristóvão, que tinha o mesmo corpo, estava em Vila Seca, no namoro. Vira-o passar…

A pessoa que vinha, caminhava sempre, direita como um fuso ao cano da carabina.

Tchap… Tchap…

Todo gelado por fora, mas quente da emoção que lhe dava sempre qualquer alma em direcção ao ribeiro, o Robalo esperou. E quando os passos se molharam no rego de água e chegaram à margem, a mola tensa estalou:

         – Alto!

Mas o gume da palavra de comando não conseguiu cortar sequer os flocos de neve.A sensação que teve ao gritar foi a de um baque amortecido. Uma espécie de tiro à queima-roupa.

Repetiu:

         – Alto!

Uma voz cansada entrou-lhe no coração.

         – Sou eu…

         – Tu?!

         – Sou. Mas nem trago contrabando, nem me posso demorar.

         – Tu?!

         – Eu mesmo. E já disse que não trago contrabando, nem me posso demorar.

Se ele não fosse o Robalo, cego e frio dentro da função, o que lhe apetecia era tomar nos braços aquele corpo amado e rebelde, enfarinhado de neve e não sabia de que outra secreta alvura. Mas era o Robalo guarda, a guardar. Por isso fez arrefecer nas veias a fogueira que o escaldava e estacou o primeiro passo do vulto com nova ordem:

         – Alto, já disse!

Docemente, numa carícia estranha para os seus ouvidos, quem passava falou:

         – Não berres, que não vale a pena. Este volume todo – é gente. A intenção era boa, era… Mas de repente, em Fuentes, começam-me a apertar as dores… Se não me apego às pernas com quanta alma tinha, nascia-me o rapaz galego. Querias?

O coração do Robalo não aguentava tanto. Um filho! Um filho seu no ventre de uma contrabandista!

Regelou-se ainda mais.

         – A mim não me enganas tu. Gente! No posto eu te direi se isso é gente, ou são cortes de seda. Vamos lá!

Pela neve fora a presença da rapariga era como um enigma sagrado diante dos olhos dele. Mas o guarda guardava.

         – O homem de Deus, deixa-me ir enquanto posso! Olha que se as dores voltam como há bocado, é no sítio onde estiver…

O Robalo, porém, tinha de levar a cruz ao fim. Já com a Isabel fechada na pobreza da tarimba, esperou ainda o milagre de a sua obstinação acabar em tecidos, em seco e peco contrabando posto a nu. 

Fronteira, contudo, podia mais do que uma absurda obstinação. E, mal a parturiente atirou lá de dentro o primeiro grito a valer, o Robalo ruiu. 

Desesperado, parecia um doido por toda a casa. De quando em quando, arrastado por uma força que não conseguia dominar, chegava-se à porta do quarto, humilde, rasgado de cima abaixo de ternura:

         – Isabel…

Um berro que estalava fino e súbito fazia-o recuar transido para o mais fundo da sala.

Até que a trovoada amainou e do pesado silêncio que se fez nasceu para os seus ouvidos maravilhados um choro doce, novo, muito puro, que lhe arrancou lágrimas dos olhos.

 Chegou-se à porta outra vez:

         – Isabel…

 A voz cansada da mulher mandou-o entrar.

E, quando o dia rompeu, Fronteira tinha de todo ganho a partida. Demitido, o Robalo juntou-se com a rapariga. Ora como a lavoura de Fronteira não é outra, ea boca aperta, que remédio senão entrar na lei da terra! Contrabandista.

E aí começam ambos a trabalhar, ele em armas de fogo, que vai buscar a Vigo, e ela em cortes de seda, que esconde debaixo da camisa, enrolados à cinta, de tal maneira que já ninguém sabe ao certo quando atravessa o ribeiro grávida a valer ou prenha de mercadoria".

Novos Contos da Montanha, Miguel Torga

Fonte:
Miguel Torga - A Criação do Mundo. Acedido em 27.12.2022 em https://www.facebook.com/profile.php?id=100044185851812

🎄

Este conto de Torga foi adaptado para televisão e incluído no projeto Trezes que junta a literatura nacional ao cinema em português com 13 autores, 13 contos e 13 cineastas contemporâneos, exibido na RTP1  em 2020.

Aqui fica o trailer:


sábado, 24 de dezembro de 2022

Natal, de Fernando Pessoa

Ich habe ganz vergessen,dass gestern Winteranfang war


Chove. É dia de Natal


Chove. É dia de Natal.

Lá para o Norte é melhor:

Há a neve que faz mal,

E o frio que ainda é pior.


E toda a gente é contente

Porque é dia de o ficar.

Chove no Natal presente.

Antes isso que nevar.


Pois apesar de ser esse

O Natal da convenção,

Quando o corpo me arrefece

Tenho o frio e Natal não.


Deixo sentir a quem quadra

E o Natal a quem o fez,

Pois se escrevo ainda outra quadra

Fico gelado dos pés.

Fernando Pessoa, Poesias

Fonte:
Arquivo Pessoa. Acedido em 23.12.2022 em http://arquivopessoa.net/textos/142

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

Natal na escola



Para expressar o muito do que sentimos e desejamos, partilhamos consigo o poema de José Jorge Letria, sobre a magia do Natal na escola.


O Natal da Escola

O Natal vai à escola
com roupas de fantasia;
num bolso leva os sonhos
e no outro a poesia.

O Natal pousa nos livros,
no quadro e nas carteiras
e deixa um pó de estrelas
no fundo das algibeiras.

E até o telemóvel,
que na aula não deve entrar,
quando toca de repente
é o Natal que vem lembrar.

O Natal entra na escola,
na mochila e nos cadernos
e segreda ao ouvido
os votos que são eternos.

O Natal é o recreio
que a campainha anuncia;
todos celebram contentes
O sentido desse dia.
(…)      

 José Jorge Letria, O Livro do Natal

Fonte: 

quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

Festas Felizes!


Na época mais especial do ano
As Boas Festas vimos dar
Esperamos que em 2023 
Tenha tudo o que desejar.

O Natal está à porta
O fim do Ano está a chegar
Vem rápido 2023
Temos muito a concretizar!

Festas Felizes

quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

Utilização da BE/CRE em contexto letivo no 1.ºPeríodo – ano letivo 2022/2023

Divulgamos, de seguida, os dados estatísticos relativos à frequência, em contexto letivo, da Biblioteca Escolar – Centro de Recursos Educativos de 16 de setembro até 22 de dezembro de 2022.

Salienta-se os seguintes dados:

Total de ocupações em contexto letivo: 24

Nº de aulas ministradas na BE/CRE: 23

Nº de turmas envolvidas: 10

Nº de disciplinas envolvidas: 9

Nº de alunos inscritos em contexto letivo: 203

Turmas com mais aulas na BE/CRE: 11.º A

Disciplina com maior número de aulas na BE/CRE: Geografia A

Mês com maior nº de aulas: Novembro

Circulação do fundo documental no 1.º Período – ano letivo 2022/2023

 Divulgamos os dados estatísticos referentes aos empréstimos realizados de 16 de setembro a 22 de dezembro de 2022.


Registaram-se os seguintes empréstimos à Comunidade Escolar:

Alunos – 86 requisições;

Professores – 66 requisições;

Destacam-se as turmas que registaram:

ϖ Maior número de requisições: 

• 1.º - 11.º 01 - com 11 requisições;

• 2.º - 10.º 07 - com 8 requisições;

• 3.º - 11.º 08 – com 7 requisições.

ϖ Maior número de requisições domiciliárias: 

• 1.º - 10.º 07 – com 6 requisições;

• 2.º - 10.º B e 12.º A – com 5 requisições;

• 3.º - 10.º 03, 10.º 09 11.º 07 – com 4 requisições.

ϖ A aluna que apresentou maior número de requisições domiciliárias foi:

• Georgeth Patrícia Garcia – Turma 10º B – com 5 requisições. 

ϖ Total de empréstimos domiciliários a alunos: 52

ϖ Nº de alunos que levaram documentos para casa: 43

Utilização da BE/CRE em acesso livre no 1.ºPeríodo – ano letivo 2022/2023

Divulgamos, de seguida, os dados estatísticos relativos à frequência, em regime livre, da Biblioteca Escolar – Centro de Recursos Educativos de 19 de setembro até 20 de dezembro de 2022.

Salienta-se os seguintes dados:

¬ Nº de dias do funcionamento da BE/CRE: 53

¬ Nº de utilizadores registados: 399

¬ Nº de alunos envolvidos: 206


¬ Os 3 alunos que frequentaram mais assiduamente a biblioteca escolar:

• 1º - Sarah – Turma 11º 13 – com 22 inscrições;

• 2º - Maria Silva– Turma 11º 13 – com 15 inscrições;

• 2º - Bárbara – Turma 11º 13 – com 14 inscrições;


¬ Turma + frequentadora:

• 1º - Turma 11º 13- com 70 inscrições;

• 2º - Turma 10º 03 – com 37 inscrições;

• 3º - Turma 10º 05 – com 24 inscrições.


¬ Horas com maior número de utilizadores:

• 1º - 13:30H – 14:30H – com 90 inscrições;

• 2º - 09:30H – 10:30H – com 69 inscrições;

• 3º - 12:30H – 13:30H – com 42 inscrições.


¬ Dias da semana com maior afluência:

• 1º - 3ª Feira – com 125 inscrições;

• 2º - 4ª Feira – com 107 inscrições;

• 5º - 2ª Feira – com 98 inscrições.


¬ Dia com maior frequência:

15-11-2022 – com 27 inscrições;


¬ Atividades que envolveram mais alunos:

• 1º - Consulta de documentação/ Leitura/ Estudo – 217 inscrições;

• 2º - Consulta multimédia: trabalhos escolares – 142 inscrições;

• 3º - Jogos matemáticos– 20 inscrições.




terça-feira, 20 de dezembro de 2022

Novos DVDs




Uma viagem pelo mundo de Agustina Bessa-luìs


Disponível na Biblioteca para empréstimo



No ano do centenário de Agustina Bessa-Luís, o jornal Público lançou um livro-revista, com 104 páginas, que permite uma releitura da escritora por académicos, jornalistas e outros escritores.

Este livro-revista, conjunto de ensaios e perspectivas sobre Agustina Bessa-Luís, é, acima de tudo, um convite à leitura. Nem outra coisa seria de esperar destes pretextos que encontramos na agenda, aqui o redondo centenário, do que guiar antigos e novos leitores ao encontro das páginas de quem magistralmente dominou a escrita e, como recorda António Guerreiro, não se limitou a criar novos mundos e nova gente, mas teve engenho em mexer nas entranhas do próprio meio, o romance, com que nos falou de si, de nós e dos outros.

(In: Leia-se Agustina, por David Pontes, pág. 5)

Agustina, 100 anos










Algumas observações pessoais e laterais — paralelas à homenagem a Agustina, em Amarante, a sua cidade natal — a partir de pedaços migrantes da obra.

📍Sobre a histeria

Escreve Agustina: “A histeria da insignificância” (“As Chamas e as Almas”). O insignificante histérico, poderemos dizer, é hoje o mais comum: senhor que ocupa o centro da praça com megafone a muitos decibéis e cérebro silencioso como o de um hipopótamo parado. Cada ideia, pesadíssima, para sair do sítio, leva décadas — leva décadas, mas grita muito.
A histeria de cabeça vazia ocupou o palco e dali não sai. Sem produzir um pinguinho de oxigénio ou de inteligência — mas quer morrer ali como as árvores.

📍Sobre o tempo

A vida tem este modo tão dócil de deixar o tempo passar. Sem relógios nem espelhos, nem rosto dos outros que envelhecem diante do nosso instinto de observador neutro, o tempo seria uma invenção teórica dos filósofos entediados. Mas não é.
Escreve Agustina: “Ema compreendeu que não era tão nova como dantes.” (“Vale Abraão”).

📍
Sobre a política

A política muda na superfície, o pó é limpo, mas debaixo está a mesma mesa, idênticas cadeiras e até as mesmíssimas-míssimas formas de sentar e falar. Nos escritórios, as paredes recebem calendários sucessivos e por vezes a cor muda radicalmente o ambiente estético do trabalho — porém, no essencial, o humano ali está: o mesmo bicho com as mesmas grandezas e fraquezas.
Escreve Agustina: “A grande caixa torácica da burocracia, dentro da qual estava o pulmão das influências” (“A Monja de Lisboa”). 

📍
Sobre a Língua

Tratar a Língua em que se escreve como a um animal doméstico, às terças e quintas, e como se fosse animal selvagem, e impossível de montar, nos restantes dias, incluindo os aparentes calmos fins-de-semana. A língua portuguesa não é um exército de leis, todas direitinhas, umas ao lado das outras como escuteiros bem-comportados a vender calendários já do ano passado. A Língua é talvez outra coisa, um pouquito mais desarrumada e rebelde.
Escreve Agustina: “Contento-me em descontratar-me da gramática” (“Conversações com Dmitri e Outras Fantasias”).

📍
Sobre a estupidez

Muitos tratados existem sobre esse modo tão simples e directo de nada entender.
“Ninguém é sincero quando se declara estúpido” (“Meninos de Ouro”).
A estupidez é uma forma plana de estar em cima de uma montanha. Um bípede que tem dois pés como guia intelectual pode não ser mau de todo quando o objetivo é fazer caminhadas ou treinar instintos humanos e animais por metro quadrado. Porém, quando se trata de entender, dois pés entendem pouco; podem andar, correr, saltar ou ficar por ali, no mesmo sítio, pasmados, mas os ágeis pés, diga-se, nem sequer descobriram ainda a roda ou fizerem o primeiro fogo. Sem as mãos, o humano ainda passava um frio do raio, sem fogo, lareira, paredes ou tecto. (Mas sim, infelizmente, em 2022, muito frio muitos passam ainda, bem injustamente. Mas isso seria outro assunto, bem mais grave.)
Os pés caminham, mas são inábeis para outros assuntos ligeiramente mais densos. Se a civilização humana dependesse apenas deles, teríamos migrado muito, mudado de sítio, mas sempre com as mesmas ideias.
Mudei de sítio 100 vezes e de ideias nenhuma, poderia dizer um tonto que se mexesse muito (e são tantos e tanto andam por aí).
Diante da estupidez do tonto, o sensato aponta lá para cima, para um eventual cometa que esteja por ali a passar ao fim-de-semana, aponta então para o céu de modo a distrair as atenções, e depois foge o mais rápido que pode na direção contrária. Se é para correr é mesmo nestes momentos de perigo. É que a estupidez quando se agarra a um sujeito não é como um casaco que se pode deixar no bengaleiro antes de se entrar numa sala sensata; agarra-se à pele, sim, como uma urticária da inteligência e, a partir daí, em vez de argumentar, um sujeito coça-se.

Fonte:
Gonçalo M. Tavares. Os cadernos e os dias - História fragmentada do mundo, in Expresso, 9 de dezembro de 2022. Acedido em https://expresso.pt/opiniao/2022-12-09-Agustina-100-anos-c844ccfe

segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

MY PLanet I Revista Outubro 2022



Encontra-se disponível na biblioteca o número 11 da revista My Planet, de Outubro de 2022, com o título "Ver para além da incerteza".

Este número é uma edição especial, com 120 páginas, que começa com um ensaio inédito, especialmente produzido para as páginas desta revista, da autoria do escritor José Luís Peixoto, que reflete sobre a incerteza nas nossas vidas. E continua, dividida em três grandes capítulos.

No primeiro, "Porque nos sentimos cansados?", explora-se o bem-estar e a saúde mental, com pistas sobre como lidar com o mundo acelerado e em mutação.

Na segunda parte,"Como salvar o nosso planeta?", abre-se o foco e centra-se nos problemas do planeta, na forma como estes nos afectam e no que podemos fazer para ser parte da solução.

No último dos três capítulos, "Pode a incerteza ser motor de prosperidade?", fala-se de sociedade, de economia, de empresas e mostram-se casos de como a incerteza também ganha o poder de converter crises em oportunidades.

sábado, 17 de dezembro de 2022

O cinema é o limite... | Revista

MAGAZINE DIGITAL ONLINE PNC * DEZEMBRO 2022

#0

O Cinema é o limite... é o novo magazine do Plano Nacional de Cinema.

A sua missão é estimular o gosto pela cultura do cinema junto das comunidades educativas. O número 0 que vos apresentamos marca um compasso de transição, porque olhamos para trás e assumimos matérias que já integravam o boletim anterior, mas seguimos em frente, revelando um novo conceito e linha editorial, num novo formato.
(In: Apresentação)

Aceda à revista aqui

sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

"O melhor presente de Natal" | Conto de Michael Morpurgo


O melhor presente de Natal do mundo


A todos quantos, de ambos os lados do conflito,
tomaram parte na trégua de Natal de 1914.

Vi-a numa loja de velharias em Bridport. Era uma escrivaninha de tampo corrediço, e o vendedor afirmava tratar-se de uma peça de carvalho do início do século XIX. Havia anos que procurava uma escrivaninha deste estilo, mas nunca tinha encontrado uma que pudesse comprar. Esta não estava em bom estado: a tampa mostrava várias rachadelas, uma das pernas estava mal consertada, e tinha partes queimadas.

Não era cara, e pensei que eu próprio poderia tentar restaurá-la. Seria um risco, um desafio, mas era a minha única oportunidade de possuir uma escrivaninha de tampo corrediço. Paguei o que o homem pediu, e levei-a para a minha oficina, na parte de trás da garagem. Comecei a restaurá-la na véspera de Natal, sobretudo devido à quantidade de visitas que tinha em casa. Faziam muito barulho e eu queria encontrar algum sossego.

Abri o tampo e puxei as gavetas. Cada uma delas anunciava um desafio maior do que eu tinha imaginado. O verniz estava a descascar um pouco por todo o lado: parecia que a peça tinha sido salva de um naufrágio. Era evidente que esta escrivaninha tinha atravessado fogo e água. A última gaveta estava empenada e tentei abri-la com cuidado. Mas os meus esforços não resultaram e tive de usar toda a força que pude. Bati-lhe com o punho e logo ela se abriu, revelando um compartimento secreto. Este continha uma pequena caixa de folha, com uma folha de papel pautada, na qual a mão trémula de alguém tinha escrito: “A última carta de Jim, recebida a 25 de Janeiro de 1915. Para ser enterrada comigo, quando eu morrer.”

Soube, logo que o fiz, que não deveria abrir a caixa, mas a curiosidade levou a melhor sobre os meus escrúpulos. Como sempre.

Dentro da caixa estava um envelope, endereçado a Mrs. Jim Macpherson, 12 Copper Beeches, Bridport, Dorset. 

Peguei na carta e abri-a. Estava escrita a lápis e datava de 26 de Dezembro de 1914.




Querida Connie



Escrevo-te, feliz, porque acaba de acontecer algo de maravilhoso que quero contar-te desde já. Ontem de manhã, encontrávamo-nos todos nas trincheiras. Era Dia de Natal e estava uma das manhãs mais bonitas que vira até então, tranquila e gelada como uma manhã de Natal deve ser. Gostava de poder dizer-te que fomos nós a ter a iniciativa. Mas a verdade, envergonho-me de to dizer, foi que os Alemães é que tomaram a iniciativa. Primeiro, alguém viu uma bandeira branca a ondular nas trincheiras do inimigo. Depois, alguém gritou:

— Feliz Natal! Feliz Natal!

Quando nos tínhamos recomposto da surpresa, alguns de nós retribuíram:

— Feliz Natal para vocês também!

Pensei que tudo ficaria por ali. Todos pensámos, aliás. Mas, de repente, vimos um deles, no seu sobretudo cinzento, a agitar uma bandeira branca.

— Não atirem, rapazes! — alguém gritou.

E logo vimos mais Alemães, uns a seguir aos outros, a aproximar-se da nossa trincheira.

— Mantenham-se em baixo — ordenei aos meus homens. — É uma armadilha.

Mas não era tal.

Um dos Alemães agitava uma garrafa no ar.

— É Dia de Natal. Temos cerveja e salsichas. Querem juntar-se a nós?

Por esta altura, já dezenas deles se dirigiam até nós, atravessando a terra de ninguém que nos separava. Nenhum deles transportava armas. O soldado Morris foi o primeiro a mexer-se.

— Vamos lá, rapazes! De que estamos à espera?

Ninguém conseguiu impedi-los. Eu era o oficial e devia ter travado tudo aquilo imediatamente. Mas nem sequer me ocorreu. Homens de ambos os lados, vestidos com sobretudos cinzentos ou com uniformes caqui, caminhavam em direcção uns aos outros, e eu era um deles. Fazia parte daquilo. No meio da guerra, celebrávamos a paz.

Não podes imaginar, querida Connie, o que senti, quando olhei, nos olhos, o oficial alemão que se aproximava de mim, com a mão estendida.

— O meu nome é Hans Wolf — disse, segurando a minha mão com firmeza e afabilidade. — Sou de Dusseldorf e toco violoncelo na orquestra da cidade. Feliz Natal!

— Sou o Capitão Jim Macpherson — respondi. — Sou professor em Dorset, no leste de Inglaterra. Feliz Natal para si, também!

— Dorset — repetiu. — Conheço muito bem esse lugar.

Partilhámos a minha ração de aguardente e a excelente salsicha dele. E falámos, falámos sem parar. O inglês dele era excelente, mas acontece que nunca tinha posto os pés em Dorset. Tudo o que sabia sobre Inglaterra tinha-o aprendido na escola e nos livros que lia em inglês. O seu escritor favorito era Thomas Hardy,e o seu livro preferido Far from the Madding Crowd. Naquela terra de ninguém, conversámos sobre Bathsheba, Gabriel Oak, Sergeant Troy e Dorset. Tinha mulher e um filho, com seis meses de idade. Enquanto olhava à minha volta, só via manchas de cor cinzenta e caqui a fumar, a rir, a comer e a beber. Hans Wolf e eu partilhámos o que restava do teu óptimo bolo de Natal. Segundo ele, o teu maçapão era o melhor que alguma vez provara. Concordei. Concordávamos em tudo, Connie, e ele era meu inimigo. Nunca houvera uma festa de Natal assim.

Alguém trouxe uma bola de futebol. Os sobretudos foram despidos e transformados em postes de balizas. O jogo começou. Hans Wolf e eu assistimos e encorajámos os jogadores, aplaudindo e batendo com os pés no chão, para afastarmos o frio. Houve um momento em que vi a nossa respiração misturar-se. Ele viu o mesmo e sorriu.

— Jim Macpherson — disse, passado um bocado — penso que é assim que esta guerra devia ser resolvida. Como um jogo de futebol. Ninguém morre num jogo de futebol. Ninguém fica órfão. Nenhuma mulher fica viúva.

— Prefiro o críquete — disse-lhe. — Assim, os Ingleses ganhariam.

Rimo-nos da minha piada e assistimos ambos ao jogo. Pena-me dizer que os Alemães ganharam 2-1. Mas Hans Wolf comentou, com generosidade, que o nosso golo fora mais bem marcado do que o deles.

Quando o jogo acabou, já há muito tinham desaparecido a cerveja, o bolo, a aguardente e as salsichas. Desejei felicidades a Hans e fiz votos de que voltasse a ver a família em breve, de que a guerra acabasse depressa, e de que todos regressássemos a casa sãos e salvos. Respondeu-me:

— Penso que é o que todos os soldados querem, sejam Alemães ou Ingleses. Tome cuidado consigo, Jim Macpherson. Nunca o esquecerei, nem esquecerei este momento.

Fez-me continência e afastou-se, devagar, como que involuntariamente. Virou-se para acenar, uma vez mais, e logo se transformou num elemento mais, entre as centenas de homens vestidos de cinzento, que regressavam às suas trincheiras.

Nessa noite, ouvimo-los entoar um belo cântico de Natal, Noite Feliz. Os nossos rapazes responderam com Enquanto os pastores observavam. Trocámos cânticos durante mais algum tempo e depois calámo-nos. Foi um momento de paz e boa vontade, que recordarei com carinho enquanto viver.


Querida Connie, no Natal do ano que vem, esta guerra não será mais do que uma recordação vaga e terrível. Sei, por tudo o que aconteceu hoje aqui, o quanto ambos os exércitos desejam a paz. Em breve estaremos de novo juntos, tenho a certeza. 

 O teu querido Jim




Dobrei a carta e coloquei-a de novo no envelope. Não contei a ninguém o meu achado: guardei para mim mesmo a vergonha da minha intrusão. Penso que foi este sentimento de culpa que me manteve toda a noite acordado. Na manhã seguinte, já sabia o que devia fazer. Apresentei uma desculpa qualquer e não fui à igreja com o resto da família. Guiei até Bridport, que ficava apenas a uns quilómetros dali. Perguntei a um rapaz, que passeava o cão, onde ficava a casa.

O número 12 não passava de uma concha vazia, com um telhado em ruínas e as janelas entaipadas. Toquei na casa ao lado e perguntei se sabiam o paradeiro de Mrs Macpherson. Um homem de idade, em pantufas, respondeu afirmativamente. Disse que era uma senhora amorosa, um pouco confusa, o que era normal, dado que tinha 101 anos. Estava em casa quando esta se incendiou. Ninguém sabia como o incêndio começara, mas pensavam que deveriam ter sido as velas. A senhora usava velas em vez de electricidade, porque achava que a electricidade era demasiado cara. O bombeiro tinha-a salvo a tempo. Agora vivia num lar chamado Burlington House, na estrada de Dorchester, do outro lado da cidade.

Encontrei Burlington House com facilidade. Havia serpentinas de papel no corredor e uma árvore de Natal iluminada estava montada num canto, com um anjinho no topo. Disse que era um amigo de Mrs. Macpherson e que viera trazer-lhe um presente de Natal. Podia ver, através da porta envidraçada da sala que estavam todos com chapéus de papel e a cantar Good King Wenceslas. A Directora também usava um chapéu e ficou contente por me ver. Até me ofereceu uma empada de carne picada. Depois conduziu-me ao quarto de Mrs. Macpherson.

— Mrs. Macpherson não está na sala com os outros, porque hoje sente-se bastante confusa. Não tem família e ninguém a visita. Tenho a certeza de que vai gostar muito de o ver.

Conduziu-me até uma estufa, cheia de cadeiras de palhinha e vasos com plantas, e deixou-me a sós com Mrs Macpherson. Esta encontrava-se sentada numa cadeira de rodas, com as mãos no regaço. O seu cabelo fino, branco e prateado, estava apanhado num rolo. Contemplava o jardim, absorta.

— Olá! — saudei.

Virou a cabeça e olhou-me com um olhar vago.

— Feliz Natal, Connie! — continuei. — Encontrei isto. Penso que é seu.

Enquanto eu falava, os olhos dela nunca se desviaram da minha cara. Abri a caixinha de folha e dei-lha. Os olhos dela iluminaram-se num reconhecimento do objecto e a sua face irradiou uma felicidade súbita. Falei-lhe da escrivaninha, de como a encontrara. Creio que não me ouviu. Ficou calada durante algum tempo, enquanto acariciava docemente a carta com os dedos.

De repente, pegou na minha mão. Tinha os olhos marejados de lágrimas.

— Bem me disseste que vinhas pelo Natal, querido. E eis-te aqui, o melhor presente de Natal do mundo. Vem para perto de mim e senta-te, meu querido Jim.

Sentei-me ao lado dela e beijou-me a face.

— Lia constantemente a tua carta. Era como se ouvisse a tua voz dentro da minha cabeça. Era uma maneira de sentir-te comigo. E agora estás mesmo. Agora que voltaste, podes ler a carta tu próprio. Queres lê-la? Só quero ouvir a tua voz de novo, Jim. Depois podemos tomar chá. Fiz-te um belo bolo de Natal em maçapão. Sei o quanto adoras maçapão.



Michael Morpurgo
The best Christmas present in the world
London, Egmont Books, 2004, 48 p.
ISBN: 9781405215183



A recordar as trincheiras daquele Natal de 1914 não podemos esquecer  as imagens atuais das trincheiras na Ucrânia em guerra. 


Que o espírito natalício invada o território ucraniano, bem como outros cenários de guerra.




FONTE:
MORPURGO, Michael; “The best Christmas presente in the world”, (Acedido em 16.12.2022) Disponível em https://www.voltimum.pt/sites/www.voltimum.pt/files/pdflibrary/08_o_melhor_presente_de_natal_do.pdf

quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Miúdos a votos 2022/2023
Livros candidatos



Já foram apurados os candidatos da sétima edição da iniciativa Miúdos a votos, organizada pela Visão Júnior e pela Rede de Bibliotecas Escolares

Este ano, mais de 30 000 alunos, do 1.º ciclo ao ensino secundário, participaram numa das etapas mais importantes deste projeto, ao nomearem o seu livro preferido. No total, foram mais de 6 000 os livros nomeados, no conjunto dos quatro ciclos, abrangendo uma grande variedade de estilos, géneros, temas e autores.

No entanto, apenas 20 livros em cada ciclo – os que foram nomeados mais vezes pelos alunos – vão a eleições. À semelhança dos anos anteriores, o processo de apuramento dos livros mais nomeados contou com o apoio técnico da Pordata.

Qualquer escola, pública ou privada, em Portugal ou no estrangeiro, ainda vai a tempo de se inscrever nesta iniciativa, mesmo que não tenha participado na fase de nomeação de livros. Para o efeito, basta preencher o respetivo formulário de recenseamento.

Durante a campanha eleitoral, que decorrerá entre 1 de fevereiro e 3 de março, os partidários de cada livro poderão defender as suas ideias publicamente, procurando convencer os colegas e amigos a votarem no seu candidato. A eleição terá lugar no dia 7 de março.

Em seguida apresentamos a lista dos livros que irão constar dos boletins de voto do ensino secundário:



Consulte e descarregue as listas dos livros que irão constar dos boletins de voto dos restantes ciclos de ensino:

1.º CEB

2.º CEB

3.º CEB


Participa. 

Conta com esta atividade no teu certificado.

Convence os teus pares a ler! 

quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

Jornal de Letras I Ainda Saramago


Disponível na Biblioteca para consulta


Jornal de Letras, Artes e Ideias - 16 a 29 de novembro 2022



Contém também: 

E agora Rafael Gallo - Prémio Saramago.