No dia 12 de março de 2014 fez 500 anos que a embaixada enviada pelo rei D. Manuel I à Santa Sé entra em Roma e foi recebida por vários embaixadores. A passagem da embaixada pelas ruas de Roma foi descrita por Garcia Resende, como revela o texto que se segue:
"[...] A embaixada portuguesa chegou à vista da esplêndida Roma [...].Na Porta del Populo formou-se o préstito [...]
Abriam a marcha trezentas azémolas cobertas de ricos reposteiros de seda lavrada e matizada, guiadas por trezentos azeméis que vestiam as mais soberbas galas. Em seguida iam os criados dos cardeais romanos e dos nossos embaixadores [...] os muitos portugueses [...] os parentes dos embaixadores, vestindo todos a maior riqueza, ostentando telas e brocados, chapéus bordados [...] cadeias de pedras preciosas engastadas em oiro, os cavalos [...] ricamente arreiados. [...] depois uma companhia de besteiros a cavalo [...] os oficiais da casa do Papa, [...] duas guardas de honra, uma de archeiros suiços e outra de soldados gregos [...] montando em bons cavalos ricamente ajaezados, os músicos da embaixada portuguesa [...] os trombeteiros e charameleiros dos guardas nobres do pontífice [...].Depois o magnífico elefante de Ceilão, acobertado com guarnições de ouro maciço; levava [...]o cofre que encerrava o pontifical oferecido por El-Rei D. Manuel ao Papa.
Obedecia o elefante à voz do seu cornaca, um naire do malabar, que ia montado nele e cujos excêntricos e riquíssimos trajos, da mesma forma que a sua fisionomia e as suas maneiras[...] causavam estranheza [...]. Em seguida [...] um cavalo da Pérsia, montado por um caçador de Ormuz, e levando deitada na garupa, [...] uma pantera perfeitamente domesticada e ensinada [...].
Vinha enfim o corpo da embaixada portuguesa [...] os três embaixadores Tristão da Cunha, Diogo Pacheco e João de Faria [...].
Ao aparecer na varanda o pontífice, o naire [...] fez apresentar ao colosso [...] um grande vaso cheio de água cheirosa [...] e o elefante [...] mergulhou nele a tromba e rociou por três vezes primeiro o pontífice, depois o povo [...]"
Marquês de Resende, Embaixada de El-Rei D. Manuel ao Papa Leão X, Panorama, vol.XI
(Adaptado)
IN: http://www.ribatejo.com/hp/base/cgi-bin/ficha_documento.asp?cod_documento=108
No intuito de celebrar esta data o Arquivo Nacional Torre do Tombo organizou uma exposição virtual que poderá visitar aqui:
Aproveito este contexto para divulgar um livro publicado em 2008, pela Oficina do Livro escrito por José Manuel Saraiva, com o título “Aos Olhos de Deus”, por se tratar de um romance histórico que nos leva precisamente ao reinado de D. Manuel I e no qual a embaixada enviada à Santa Sé é enquadrada e aproveitada para ilustrar uma bela história de amor entre a judia Raquel Aboab e o fidalgo da corte D. Diogo Pacheco, bem como para focar a perseguição aos judeus.
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