A Pordata, da Fundação Francisco Manuel dos Santos, divulga um relatório com dados em cinco áreas: ‘Clima e Emissões de Gases com Efeito de Estufa’, ‘Água e Saneamento’, ‘Energia’, ‘Resíduos’ e ‘Território, Biodiversidade e Proteção Ambiental’, que ajudam a entender como é que o país evoluiu e onde deve melhorar na proteção do meio ambiente.
1. Clima e Emissões de Gases com Efeito de Estufa (GEE)
De acordo com a Pordata, os dados das temperaturas médias mensais referentes às estações meteorológicas de Viana do Castelo, Porto, Bragança, Castelo Branco, Lisboa, Beja, Faro, Angra do Heroísmo e Funchal apontam para uma subida gradual da temperatura média do ar.
Em 2019, as emissões em Portugal subiram 13% em relação às registadas em 1990, tendo 2005 ficado marcado como o cujas emissões foram as mais elevadas, tendo subido 46% em relação a 1990. Contudo, desde esse ano, as emissões têm estado em queda, com exceção do período compreendido entre 2014 e 2017.
Portugal foi o 4.º país do bloco europeu a registar a maior subida face a 1990, sendo que apenas outros quatro países tiveram um aumento das suas emissões – Chipre, Irlanda e Espanha, com Áustria a ocupar o 5.º lugar.
Na União Europeia, de acordo com a Pordata, as indústrias de energia são o principal responsável pelas emissões de GEE para a atmosfera, dos quais 25% dessas emissões se registaram em 2019, seguido pelo sector dos Transportes, que representou 23%.
Em Portugal, os transportes são o principal responsável – 28% do total de emissões de GEE -, seguido pelas indústrias de energia – 20,5%.
“A emissão de GEE a partir do sector dos transportes tem aumentado, em termos absolutos, desde 2013, tanto em Portugal como na UE27. Portugal registou, assim, em 2019 um aumento de 12%, face a 2013, nas emissões de GEE a partir dos transportes, após uma trajetória decrescente registada desde 2002”, refere o gabinete da Pordata no relatório.
2. Água e Saneamento
De acordo com a Pordata, em 2019, foram gastos quase 673 mil milhões de litros de água em Portugal. Desde 2012, o consumo de água em Portugal mantém-se entre os 628 a 683 mil milhões.
Em 2020, 99% da água canalizada era segura para consumir. No início do século XXI, mais de ¾ da água canalizada era segura para consumo, sendo que, há cerca de 30 anos, em 1993, apenas 50% podia ser consumida de forma segura.
A Pordata reuniu ainda informação sobre a qualidade da água das praias costeiras e interiores. Em 2020, Portugal foi o 9.º país da União Europeia entre os 22 países com orla costeira com maior percentagem de águas balneares costeiras com qualidade excelente (93%), acima da média europeia (88%). Na Polónia e na Estónia, menos de metade das praias costeiras tinha água de qualidade excelente.
No que diz respeito às águas balneares interiores, Portugal ocupava o 13.º lugar dessa lista (com 75% destas com qualidade excelente), abaixo da média europeia de 78%.
3. Território, Biodiversidade e Proteção Ambiental
Em 2018, metade do território português era ocupado por ecossistemas florestais, naquela que era a 7.ª maior percentagem do bloco europeu, acima da média europeia de 44%; atualmente, os países com maior percentagem de florestas são a Finlândia, com 70%, a Suécia, com 67%, e a Eslovénia com 63%.
No ano passado, acima de de 1/5 do território terrestre português correspondia a áreas protegidas, incluindo a Rede Natura 2000.
Portugal era o 16.º país com maior percentagem de área protegida da UE, abaixo da média europeia de 26%.
“Mais de metade do Luxemburgo estava ocupado por áreas protegidas (52%), seguido pela Bulgária (41%) e pela Eslovénia (41%). A Finlândia (13%), a Irlanda (14%) e a Suécia (14%) eram os países com menor percentagem”, refere o relatório.
Quanto às áreas marinhas, Portugal era o 3.º país com maior superfície protegida em 2019 – 77 mil km2, inferir à superfície de Portugal continental (89 mil km2).
“Nos últimos 40 anos, 2017 foi o ano com mais área ardida – mais de 500 mil hectares, o que corresponde a 6% do território continental. Mas não foi o ano com mais incêndios: em 2005 houve mais de 41 mil incêndios. Em 2020, houve quase 10 mil incêndios e arderam 67 mil hectares”, é sublinhado no documento.
4. Energia
Em Portugal, em 2020, as energias renováveis correspondiam a 98% do total de energia produzida no país, uma percentagem muito acima da média do bloco europeu, que é de 41%.
De acordo com a Pordata, os tipos de energia renovável mais utilizados na produção em Portugal foram biomassa – 51% -, energia eólica – 16%-, energia hídrica – 16% -, energia solar – 4% – e energia geotérmica – 3%.
“Apesar da biomassa ser a fonte mais utilizada, esta tem tido uma trajetória descendente. Em 1990, correspondia a 76% da energia gerada por fontes renováveis. A energia hídrica varia muito consoante o nível de pluviosidade do ano em causa. A energia eólica tem tido um grande crescimento desde 2005, ano em que apenas representava 4% da produção por energias renováveis. Tanto a energia solar como a energia geotérmica, apesar de terem multiplicado os seus valores, ainda contribuem residualmente para o total da produção de energias renováveis”, é explicado no relatório.
A fonte de energia final mais consumida em 2020 foi o petróleo (41%), seguida da energia elétrica (26%), as energias renováveis (19%), o gás (11%) e os combustíveis sólidos (como por exemplo o carvão) (0,1%).
“O consumo final de petróleo tem tido uma trajetória decrescente desde 1998, quando 61% da energia consumida provinha desta fonte. Em sentido contrário, tem aumentado o consumo do gás (+67%), de energias renováveis (+20%) e da energia elétrica (+16%), face a 2001”, aponta o documento.
“Em 2020, as famílias portuguesas foram as segundas da UE27 que menos consumiram energia, por habitante, tal como em 2019, ano de pré-pandemia. Só as famílias de Malta consumiram menos energia. As famílias da Finlândia consumiram mais do triplo e as do Luxemburgo 2,5 vezes mais do que em Portugal”.
5. Resíduos
Em 2020, foram produzidos em Portugal se cerca de 5,3 milhões de toneladas de resíduos urbanos, o que corresponde a cerca de 513 kg por habitante durante o ano, ou seja, 1,4 kg por dia.
A produção de lixo em Portugal aumentou cerca de metade e no bloco europeu subiu 14% desde 1995.
“Em 2020, em Portugal, os resíduos urbanos tratados tiveram como principal destino o aterro (54%), ao passo que na UE27 correspondeu a 23%. Assim, na UE27 o principal destino do lixo é já a reciclagem (30%), valor que em Portugal atinge apenas 13%”, é mencionado no relatório.
“Os resíduos têm também como destino a incineração com recuperação de energia (28% na UE27 vs 19% em Portugal) e a compostagem (18% na UE27 vs 14% em Portugal). No entanto, os pontos de partida de Portugal e da UE27 eram muito diferentes: em 1995, 90% do lixo em Portugal ia para aterro, ao passo que na UE27 esse valor era de 65%. A reciclagem, por sua vez, era de 1% em Portugal quando na UE27 era já de 12%”.
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