Transformar experiências de sucesso emergentes em práticas pedagógicas
O regresso às aulas dos estudantes do ensino secundário, após o período de confinamento, levanta algumas questões que devem promover uma discussão alargada na comunidade educativa:
Como se avaliam as práticas pedagógicas e o impacto nas aprendizagens dos estudantes, durante o ensino a distância?
Destas práticas, quais se devem manter no regresso à sala de aula?
Quais as vantagens da criação de um modelo híbrido de ensino?
Têm surgido recomendações de especialistas de vários quadrantes que apontam para a necessidade de implementar um modelo híbrido de ensino, em que o presencial e o digital coabitem de forma natural.
A organização deve incidir sobre os seguintes aspetos:
➽ A integração do digital em contexto educativo
A facilidade de acesso a múltiplas plataformas de aprendizagem e a ferramentas digitais é inegável. Apesar deste "cenário de possibilidades, persistem as dificuldades dos docentes na integração didática e na apropriação das ferramentas digitais."
A escolha de uma plataforma de LMS, ou de qualquer tecnologia educativa, deve ser pensada sempre com base na sua facilidade de utilização - a interface deve ser transparente e compreensível para todos os utilizadores.
Para além da questão da integração da tecnologia educativa e da sua apropriação por parte dos docentes, devemos ter também em conta questões como a privacidade, a gestão de dados e a acessibilidade.
Apropriação da tecnologia educativa
Ao escolher o recurso educativo digital, o docente deve dar primazia à necessidade pedagógica e não à ferramenta. Deve perguntar-se:
⤷que aprendizagens quero que ocorram?
⤷como fomentar uma aprendizagem eficaz, de forma inovadora?
⤷de todos os recursos disponíveis em suporte digital, qual é mais relevante, tendo em conta o perfil dos meus alunos?
Os professores não podem recriar as práticas tradicionais, adicionando-lhes tecnologias novas e com isto pensarem estar a ser inovadores. Isto é, as escolas devem preocupar-se mais com o mindware(habilidades mentais) dos estudantes e não tanto com o hardware e software
➽ A produção de conteúdos educativos - as narrativas multimédia
Para transitar de um modelo presencial para um modelo a distância não basta utilizar tecnologia. Pelo contrário é um processo ambicioso que integra as vertentes tecnológica, cognitiva, relacional e pedagógica. É preciso avaliar o que estamos a fazer e melhorar.
Para preparar conteúdos de aprendizagem a distância, devemos pensar nos conteúdos como uma linha finita de uma narrativa transmedia. Esta narrativa tem:
⤷momentos síncronos e assíncronos,
⤷conteúdos de consumo passivo (de um para muitos) e outros em que o estudante assume o papel de prossumidor (utilizadores que são consumidores e produtores).
Estas narrativas podem recorrer a wikis, editores de texto, blogues, hangouts, canais de podcasts, contas de Instagram ou de Twitter. E, se o aluno produzir conteúdos fora da agenda escolar, ou seja não apenas a pedido do professor, mas também para a rede digital, é o que se almeja. Para isso, temos de mudar o uso do tempo e do espaço de forma flexível e criativa.
À semelhança da aprendizagem invertida, primeiro o estudante trabalha os conceitos teóricos de forma autónoma e virtual, através da proposta de narrativa criada pelo professor, e, posteriormente, no espaço coletivo da aula (presencial ou virtual) debatem-se ideias, fomenta-se o trabalho colaborativo, realizam-se tutorias.
➽ Privilegiar a autoavaliação
As tecnologias têm acompanhado os processos de classificação massivo a distância, garantindo a segurança e a fiabilidade deste processo.
Contudo, a classificação massiva a distância não é suficiente para assegurar o controlo do processo de avaliação, pelo que se deve apostar na autoavaliação e na avaliação pelos pares.
FONTE: