«As bibliotecas são como aeroportos. São lugares de viagem. Entramos numa biblioteca como quem está a ponto de partir . E nada é pequeno quando tem uma biblioteca».
As bibliotecas de Valter Hugo Mãe – Jornal de Letras nº 1112, maio de 2013
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quinta-feira, 19 de março de 2020
Dia do Pai | Um poema de Pablo Neruda
O Pai
Terra de semente inculta e bravia,
terra onde não há esteiros ou caminhos,
sob o sol minha vida se alonga e estremece.
Pai, nada podem teus olhos doces,
como nada puderam as estrelas
que me abrasam os olhos e as faces.
Escureceu-me a vista o mal de amor
e na doce fonte do meu sonho
outra fonte tremida se reflecte.
Depois... Pergunta a Deus porque me deram
o que me deram e porque depois
conheci a solidão do céu e da terra.
Olha, minha juventude foi um puro
botão que ficou por rebentar e perde
a sua doçura de seiva e de sangue.
O sol que cai e cai eternamente
cansou-se de a beijar... E o outono.
Pai, nada podem teus olhos doces.
Escutarei de noite as tuas palavras:
... menino, meu menino...
E na noite imensa
com as feridas de ambos seguirei.
Pablo Neruda, in "Crepusculário"
Tradução de Rui Lage
Fonte:
Citador (Em linha) (Consult. 19.03.2020) Disponível em https://www.citador.pt/poemas/o-pai-pablo-neruda
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