quarta-feira, 31 de julho de 2024

Djaimilia Pereira de Almeida vence Grande Prémio de Romance APE | DGLAB


Djaimilia Pereira de Almeida recebeu, pela sua novela Toda a ferida é uma beleza, o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores e patrocinado pela Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB).

O júri, constituído por Carina Infante do Carmo, Carlos Mendes de Sousa, Cândido Oliveira Martins, Cristina Robalo Cordeiro e Francisco Topa, coordenado por José Manuel de Vasconcelos decidiu “privilegiar uma novela que faz da brevidade o lugar do mistério e da poesia: na contenção da sua escrita reside o essencial da estranheza de um mundo ao mesmo tempo ingénuo e cruel, infantil e adulto".

O livro, publicado na Relógio D'Água em junho de 2023, tem ilustrações de Isabel Baraona. As outras obras desta escritora angolana estão disponíveis aqui.

terça-feira, 23 de julho de 2024

Uma lista para nunca mais adiar as leituras:
32 clássicos para o verão


Vai de férias? 

Precisa de livros? 

E é desta que vai tentar "atirar-se" às obras literárias mais notáveis? 

Entre clássicos portugueses e estrangeiros, jornalistas e colaboradores do Observador sugerem 32 obras fundamentais. São romances e ensaios, são alta literatura e banda desenhada, são publicações com várias décadas e outras mais recentes, mas que já inscreveram um lugar na História. 

As edições aqui apresentadas são as mais recentes ou as que os autores das sugestões fizeram questão de apresentar. 

Boas leituras.

Camões : uma antologia

Frederico Lourenço
Quetzal
632 páginas


No ano em que se comemora o V Centenário do nascimento de Luís de Camões vale a pena regressar ao grande poeta e fundador da língua portuguesa. A maior ajuda para esse regresso é a mão de Frederico Lourenço a guiar-nos numa leitura atenta pelos pontos altos da obra que queremos celebrar. Com notas muito informativas, extremamente pertinentes e com uma sabedoria deslumbrante, esta antologia assinada por um homem de sólida formação clássica funciona como uma aprendizagem nova do maior vulto da nossa literatura. 
 
Alexandra Carita


Absalão, Absalão!

William Faulkner
Tradução: Maria Jorge de Freitas
D. Quixote
400 páginas


A história dos Estados Unidos da América não se conta sem a narrativa de William Faulkner. São as personagens que cria, de uma mestria no conhecimento do humano e da sua condição, que definem o que de facto pontuou o nascimento de uma nação, não por acaso, a mais poderosa do nosso mundo. A Guerra Civil americana, que moldou e ainda molda a alma desses homens, é o palco onde se desenrola esta ficção, escrita em 1936, e que põe a nu e verdadeiramente une e desune a nossa civilização. Ainda mais sublime neste livro é a sua lucidez e a escrita inigualável.

Alexandra Cabrita


O Egipto e outros textos sobre o Médio Oriente

Eça de Queiroz
Relógio D’Água
368 páginas


No dia em que se faça, enfim, uma nova revisão da Constituição, propomos acrescentar à lei fundamental esta recomendação: que todo o indivíduo de cartão do cidadão português leia, ao menos, um Eça por ano. Estica-nos a inteligência, passa-nos a ferro a mania da modernidade, reconcilia-nos com a Portugalidade e, ao mesmo tempo, com o desprezo que tenhamos por ela. Este volume, certamente dos menos conhecidos do autor, é dos que melhor vai com o Verão: um livro de viagens escrito em 1869, quando Eça tinha apenas 23 anos e foi à inauguração do Canal do Suez. 

Alexandre Borges


Catch-22

Joseph Heller
Tradução: Eduardo Saló
D. Quixote
544 páginas


O editor decretou o fim da ditadura das novidades. Para este ano, queria uma lista de clássicos. Suspirámos de alívio. Isto não é bem uma recomendação, portanto; é uma confidência. Este ano é que nos vamos atirar às 500 páginas do clássico de Joseph Heller, raramente descrito por menos que hilariante, amargo, o melhor romance americano sobre a II Guerra Mundial, o – nas palavras de Norman Mailer – rock-and-roll dos romances. Vemo-nos em setembro, com um bronzeado de condutor de calhamaços (corpo escaldado e um retângulo branco à volta da cabeça e ali até meio do peito). 

Alexandre Borges


Folhas caídas

Almeida Garrett
Book Cover
80 páginas


A construção do ritmo é coisa que aqui encanta. E a obsessão de Garrett mais ainda. Vários dos poemas mostram uma tensão doente, um toca-e-foge, um vício que lhe arde em cada página. Ao lê-lo, dá ideia de que temos perante nós a tensão à flor da pele, e isto porque foi trabalhada, depurada, até restar apenas o desespero, a desolação. Longe dos livros do Romantismo que eram mais proposta política do que literatura (perdoem-me os líricos), aqui temos um romantismo de braço dado com a ironia, que nunca deixa de lado umas facadinhas de amante ressabiado com a vida. 

Ana Bárbara Pedrosa


A Leste do Paraíso

John Steinbeck
Tradução: João Belchior Viegas
Livros do Brasil
744 páginas


Talvez seja o grande livro de Steinbeck, que não escreveu coisa pouca. O romance, numa prosa irrepreensível, límpida e densa no mesmo rasgo, parece que vai a tudo, relatando a vida de várias gerações de duas famílias na Califórnia entre 1860 e 1920. Enquanto a paisagem seca daquela zona vai aparecendo quase como personagem, são os Trask e os Hamilton que engatam o leitor. E, pegando no território da família, esse onde a vida inteira tem lugar, Steinbeck, perdoe-se o clichê, faz um romance universal, pondo em cena tudo o que toca e molda e muda. 

Ana Bárbara Pedrosa


O amor é fodido

Miguel Esteves Cardoso
Bertrand
160 páginas


Podemos assumir que, por vezes, palavrões surgem nas capas dos livros como forma de chamar a atenção. Neste caso, é sobretudo para ir direto ao assunto e não deixar ninguém cair no engano. O livro de Miguel Esteves Cardoso resistiu ao tempo e lê-se menos como uma história ou romance e, sim, como um belíssimo exercício da língua, com as voltas que o autor pode dar ao lirismo. 

André Almeida Santos


O talentoso Mr. Ripley

Patricia Highsmith
Tradução: Mário-Henrique Leiria
Relógio D’Água
264 páginas


Se viu a série da Netflix na primavera deste ano, então leia o livro durante o verão. O primeiro – e melhor – de cinco romances em volta de Tom Ripley é o que se reporta à série e é onde se lê Highsmith a edificar os traços de um psicopata que criaria um padrão na literatura, no cinema e na televisão nas décadas seguintes. É aqui que se desenha a ideia contemporânea de que o leitor (ou o espectador) faz parte do jogo, da sedução e está disposto a ser burlado pela personagem. 

André Almeida Santos


A jangada de pedra

José Saramago
Porto Editora
352 páginas


Está na hora de ler José Saramago, mas por onde começar? A resposta pode ser A Jangada de Pedra. Na história, a Península Ibérica separa-se do resto da Europa e começa a mover-se no Atlântico com destino incerto. A partir daqui, o que pode acontecer? É o que descobrimos através da jornada de personagens peculiares, das respetivas diferenças sociais, dos valores e dos interesses, tudo moldado pela ironia de Saramago. 

Andreia Costa


A sombra do vento

Carlos Ruiz Zafón
Tradução: José Teixeira de Aguilar
Planeta
512 páginas


Estamos em 1945, Barcelona, um pai leva o filho a um local secreto com milhares de obras. Aí, o miúdo escolhe um livro que vai transportá-lo muito para lá do que está escrito nas páginas. A obsessão pelo autor é o motor para uma jornada de intriga, desencontros e uma história de amor trágica que se propaga como um tsunami. No melhor livro de Zafón descobrimos ainda uma Barcelona tão sombria quanto misteriosa e mágica. 

Andreia Costa


Pedro Páramo

Juan Rulfo
Tradução: Rui Lagartinho
Cavalo de Ferro
172 páginas


Antes de García Márquez, de Vargas Llosa ou de Fuentes, havia Juan Rulfo. O mexicano deixou pouca obra, mas decisiva para toda uma geração. Este seu único romance, árido, trata a violência do México rural sob uma estrutura não linear e fantasmagórica de uma história de um filho que procura o progenitor num vilarejo remoto, descobrindo-o morto depois de falar com espectros. Rulfo sabia uma coisa ou duas sobre o tema — afinal de contas, mataram-lhe o pai quando tinha seis anos. 

António Moura dos Santos


O cavalo de sol

Teolinda Gersão
Porto Editora
228 páginas


Mais tórrido do que o verão, só uma história de amor(es) proibido(s). Vencedor do P.E.N. Clube Português de Narrativa em 1989, O Cavalo de Sol retrata um Portugal rural e tacanho dos anos 30, onde as convenções de género inflexíveis eram infernos silenciosos para as mulheres — e para os maridos que não as amavam. É o que se passa entre Jerónimo, homossexual reprimido, e a sua prima Victoria, forçada a casar com ele, numa delicada e melancólica história que consta entre o que de melhor Teolinda Gersão já publicou. 

António Moura dos Santos


O piolho viajante

António Manuel Policarpo da Silva
Palimpsesto
360 páginas


A tradição pícara tem vários exemplos engraçados na nossa língua. Um dos mais divertidos é este Piolho Viajante, um exemplo já tardio mas ainda assim muito divertido deste tipo de literatura. A premissa deduz-se do título: trata-se das viagens de um piolho pelas várias cabeças que o alojam, com os problemas que causam, para um piolho, uma careca ou uma cabeça mal-lavada. Entre as aventuras do Lazarillo ou do Tom Jones e as histórias sobre objetos animados, como Os Relógios Falantes, O Piolho Viajante é um dos maiores expoentes da nossa literatura cómica. 

Carlos Maria Bobone


Two renaissance book hunters

Poggius Bracciolini e Nicolaus de Niccolis
Columbia University Press
393 páginas


Imaginemo-nos no ambiente que Yourcenar traçou em A Obra ao Negro. Talvez um pouco antes, entre eruditos que viajam pela Europa à procura de manuscritos perdidos de mestres Antigos, secretários papais envolvidos em problemas políticos, mas sempre com uma consciência desperta para as grandes questões filosóficas. É isso que temos na correspondência entre Poggio e Niccolis, dois sábios renascentistas que discutem tudo, da importância dos banhos romanos às traduções de Platão, numa mistura extraordinária entre o quotidiano e a cultura do fim da Idade Média. 

Carlos Maria Bobone


As benevolentes

Jonathan Littell
Tradução: Miguel Serras Pereira
D. Quixote
893 páginas


Aviso à navegação: não espere sair ileso destas 893 páginas. As Benevolentes (nome derivado das deusas gregas Erínias, que castigavam os homens pelos seus crimes de sangue) aborda o período da II Guerra Mundial a partir da figura de um ex-oficial nazi, Maximilien Aue. A escrita é tão grotesca quanto requintada e isso incomoda-nos. Ao mesmo tempo que alimentamos a repulsa pela personagem principal, constatamos algo insuportável: o quão parecidos nós, leitores, somos de Maximilien Aue. Jonathan Littell propõe-nos, assim, uma reflexão exigente sobre a banalidade do mal. 

Filipa Vaz Teixeira


A costa dos murmúrios

Lídia Jorge
D. Quixote
260 páginas


Publicado em 1988, é um romance ímpar na forma como aborda a Guerra Colonial. O seu valor é tão mais inestimável quanto mais tempo passa sobre esse período histórico. Com uma escrita que toca na pele e dividindo a narrativa em dois momentos distintos, a escritora conseguiu dar uma visão feminina a um tema que até então estava praticamente reservado às vozes masculinas que participaram na Guerra. Abriu novas perspetivas de entendimento sobre o contraste entre os horrores vividos no terreno e a grandeza imperialista propagandeada pelo Estado Novo. 

Filipa Vaz Teixeira


A montanha mágica

Thomas Mann
Relógio D’Água
864 páginas


Um livro pode ser umas das últimas formas de sobreviver à voragem que a tecnologia introduziu nas nossas vidas, ao fazer da leitura uma forma de desafiar o tempo dos relógios, das máquinas, do ciberespaço. A Montanha Mágica, romance escrito há cem anos, obriga a outra experiência do tempo. Aqui não há acontecimentos, apenas paisagens do mundo interior, sensações das pessoas olhando em redor, reagindo. Hans Castorp deixa a planície e sobe ao topo da montanha para visitar o primo no sanatório de Berghof. Lá em cima vigora o tempo mitológico. Chega como neófito e sairá como veterano. 

Joana Emídio Marques


A noite e o riso

Nuno Bragança
D. Quixote
224 páginas


A noite e o riso é a história de um homem que, a tentar ser escritor, inventa uma personagem que é ele próprio e nesse jogo reinventa a literatura portuguesa. Um romance que troca o dia pela noite, a autoridade pelo riso que, recorrendo à farsa, estilhaça o Portugal de instituições decadentes do final dos anos 60 do século XX. Nesse mesmo gesto, estilhaça também uma língua e uma literatura tornada, ela própria, obediente ao poder, manipulada, amputada do fulgor que lhe deram Gil Vicente ou Fernão Mendes Pinto. 

Joana Emídio Marques


Novas Cartas Portuguesas

Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa
D. Quixote
464 páginas


Abanou e arejou um Portugal bafiento, reivindicando o direito da mulher a ter corpo e pensamento. Destruído pela censura três dias depois de estar em circulação sob o pretexto de ser “insanavelmente pornográfico e atentatório da moral pública”, o livro das "Três Marias" é revolucionário do discurso à forma e permanece um libelo contra todas as formas de opressão, com críticas à ideia cristalizada e subserviente da mulher, à ditadura, à Guerra Colonial, ao sistema judicial. É uma obra plena de modernidade, mesmo 50 anos depois. 

Joana Moreira


O ano do pensamento mágico

Joan Didion
Tradução: Hugo Gonçalves
Cultura Editora
180 páginas


Pioneira do jornalismo narrativo, a escritora e jornalista Joan Didion (1934-2021) já se cimentara como voz literária com as crónicas em que retratava a vida cultural e política norte-americana, mas foi em 2005 que o seu nome se firmou com O Ano do Pensamento Mágico, obra finalista do Prémio Pulitzer. O confronto com a morte do marido e da filha num curto espaço de tempo resultou no derradeiro livro do luto. A escrita é enxuta e precisa, o pensamento límpido, a mágoa real, o início inesquecível: “A vida muda num instante. Num dia normal.”  

Joana Moreira


O pedaço que falta

Shel Silverstein
Bertrand Editora
112 páginas


Há palavras cansadas e que nos cansam. “Génio” é uma delas. “Génio esquecido” uma derivação gasta. E “génio desconhecido” uma tentativa falha de requisitar a nossa atenção. Peço-lhe, portanto, alguma benevolência ao ler que o escritor, poeta, cartunista, satirista, músico, compositor e dramaturgo norte-americano Shel Silverstein foi todas estas coisas. Publicada em 1976, esta curtíssima história sobre uma pedra que vai rebolando em busca de uma lasca que a complete ecoa — e ecoará – naquele vazio alojado, consoante os indivíduos, entre a cavidade abdominal e o hipotálamo. No fim, é possível que esse vazio seja até apreciado. 

Joana Stichini Vilela


Trilogia Filipe Seems

António Jorge Gonçalves e Nuno Artur Silva
ASA
112 páginas


No início da década de 1990, o ilustrador António Jorge Gonçalves e o argumentista Nuno Artur Silva começaram a publicar páginas de banda-desenhada no extinto semanário Se7e. Não suspeitariam os dois jovens que era o início não só de uma trilogia de álbuns de BD — Ana; A História do Tesouro Perdido; A Tribo dos Sonhos Cruzados — mas da criação de um clássico. E ainda de um herói romântico que ficaria na memória de uma geração, o escritor e detetive Filipe Seems, sempre envolto em mistérios irresolúveis, reflexões filosóficas e fantasias com mulheres bonitas. Foi reeditada este ano. 

Joana Stichini Vilela


Os cus de Judas

António Lobo Antunes
D. Quixote
200 páginas


Com o tempo, o próprio António Lobo Antunes desmereceu Os cus de Judas – era demasiado verboso, demasiado adjetivado, com imagética carregada. Mas a narrativa que o autor criou servia acima de tudo os seus próprios interesses – era uma forma de assinalar que evoluíra, que já não era aquele escritor. O que em nada diminui o poder de Os Cus de Judas, uma torrente voraz sobre a solidão e o impacto da guerra num homem, contado em registo de fluxo-de-consciência, sob a influência de Faulkner e Céline e, sim, carregado de adjetivos e imagens complexas e frases que nunca acabam. E ainda assim, uma experiência única sobre o desespero humano. 

João Bonifácio


Pastoral americana

Philip Roth
D. Quixote
425 páginas


Narrado por Nathan Zuckerman, um dos alter-egos preferidos de Roth, centra-se na vida de Seymour Levov, “o Sueco”, símbolo quase aspiracional de uma certa ideia de América: desportista, confiante, caminhando com a leveza de quem precisa de se pôr em causa. Num reencontro de liceu, Zuckerman conhece Jerry Levov, o irmão de Seymour, que lhe conta a tragédia que se abateu sobre este e a partir daí Zuckerman recria a vida do Sueco, numa descida aos infernos, mais simbólica da América do que qualquer imagem de juventude. 

João Bonifácio


Os Lusíadas

Luís Vaz de Camões
Guerra & Paz
312 páginas


Talvez os disparates constantemente ecoados, da esquerda à direita, a respeito d’Os Lusíadas abrandassem um pouco caso 1% das pessoas que os repetem se dedicassem a ler o livro com atenção. Das grandes epopeias ocidentais, a de Camões talvez seja a de mais hesitante exaltação, regada de adversativas e de questões acerca da bondade do fim último da expansão e violência ultramarina. Não gosta de livros que louvem cegamente os Descobrimentos? Camões também não. 

João Pedro Vala


Dom Quixote de la Mancha

Miguel de Cervantes
Tradução: Miguel Serras Pereira
D. Quixote
936 páginas  


Esta recomendação é feita para todos os que não tenham crianças ao seu cuidado neste verão. Li a história do engenhoso fidalgo e seu fiel escudeiro há dez anos, numas férias na Croácia, e lembro-me de me sentir a torrar ao sol nos campos aragoneses, sem conseguir largar o raio do livro. Se era para isso, e não me levem a mal, mas mais valia ter ido passar férias a Espinho. Visitar Dubrovnik foi dinheiro deitado à rua. 

João Pedro Vala


O estrangeiro

Albert Camus
Tradução: António Quadros
Livros do Brasil
88 páginas


A forma como os temas que deambulam por este livro — crime, o absurdo, o sentido de estarmos aqui — são tratados tem influenciado tudo e todos, do mundo em geral à vida deste que vos escreve em particular. É considerado uma das obras-primas da literatura francesa do século XX, inspirou filmes e músicas e continua a ter uma das melhores frases de abertura de um livro: "Hoje a minha mãe morreu. Ou ontem, não sei". Melhor ainda só o facto de falar do sistema judicial como ninguém. Querem leitura mais apropriada para este verão? 

José Paiva Capucho


O delfim

José Cardoso Pires
Relógio D’Água
208 páginas


José Cardoso Pires, escritor de óculos quadrados de massa, com o peso todo da vida às costas, escrevia ficção (muito, muito realista) como poucos. Publicado em 1968, O Delfim mistura a disfunção de um país com uma família em crise. Ocorrem duas mortes misteriosas, Portugal está emperrado e José Cardoso Pires cruza tudo com traição, incesto, homossexualidade e uma mestria absoluta. 

José Paiva Capucho


Os Maias

Eça de Queiroz
Penguin Clássicos
720 páginas


Vá, é altura de fazer as pazes. Gerações e gerações foram traumatizadas pela obrigatoriedade de dar este livro nas aulas de Português, associando assim a obra-prima de Eça a uma tarefa tortuosa. Isto impede até hoje milhares de pessoas de usufruírem de um dos melhores escritos da língua portuguesa, uma mistura perfeita de drama e comédia. Publicado em 1888, é uma crítica de costumes que encaixa que nem uma luva (daquelas de ir ao São Carlos) no lugar-comum de "faz tanto sentido hoje como quando foi escrito". 

Susana Romana


O indispensável da Mafalda

Quino
Tradução: Marisa José Sacadura e Ricardo Pereira
Iguana
192 páginas


Se o que faz um clássico é o conforto de saber que o podemos ler várias vezes ao longo da vida, sempre com uma perspetiva diferente dada pelo nosso contexto da altura, então o Panteão da personagem mais famosa do argentino Quino é o exemplo perfeito disso. Mafalda completa agora em 2024 uns redondos 60 anos e é sempre tempo de a descobrir ou redescobrir. Com o bónus de que só um livro na bagagem pode logo agradar a vários elementos da família. 

Susana Romana


Ensaios sobre a virtude e a felicidade

Samuel Johnson
Organização: Pedro Galvão
E-Primatur
504 páginas


Dez anos depois da breve antologia organizada por Francisco José Viegas (Páginas Escolhidas, Quetzal, 160 pp.), temos enfim estes Ensaios, organizados e prefaciados por Pedro Galvão, que nos trazem o essencial do filósofo inglês, numa centena de crónicas publicadas nas revistas The Rambler, Idler e The Adventurer. “São ensaios em que o pensamento filosófico se intersecta, numa feição única, tanto com o virtuosismo literário como com uma análise psicológica autenticamente sagaz”. O livro vale também pela excelente contextualização biográfica que a introdução oferece. 

Vasco Rosa


Peregrinação

Fernão Mendes Pinto
Assírio & Alvim
876 páginas


Dispensa apresentações este grande clássico português da literatura de viagens, mas lê-lo ou relê-lo é muito mais e melhor do que simplesmente saber que existe. E desfrutar dele enquanto não venha alguém querer expurgá-lo de inconveniências woke (ou soft woke... ). Nos 500 anos de Camões, Mendes Pinto faz contraponto aos seus Lusíadas, para alguns inseparável desta Peregrinação. 

Vasco Rosa



Fonte:
Observador, 21-07-2024. Acedido em https://observador.pt/especiais/32-classicos-para-ler-no-verao/#

Enfim... FÉRIAS!!!


Após um ano letivo trabalhoso chegámos ao bem merecido período de férias que desejamos que seja aproveitado por toda a Comunidade Escolar e Educativa e por todos os outros seguidores deste blogue para descansarem, passearem e divertirem-se. 

Não se esqueçam, qualquer que seja o suporte escolhido, deixem-se... devorar pela leitura!!! 

Bom verão!

segunda-feira, 22 de julho de 2024

Novos livros: ofertas e aquisições | Catálogo bibliográfico

Divulgamos o catálogo bibliográfico com os recursos recém-adquiridos resultantes das verbas apuradas na feira do livro de Natal, na feira do livro usado e na venda de marcadores. 

Procedeu-se, assim, à compra de 25 novos livros. A estes juntaram-se mais 12 provenientes de ofertas de diferentes fontes. 



Boas leituras!

sexta-feira, 19 de julho de 2024

Bibliotecas escolares | Prioridades 2024-2025


O trabalho das bibliotecas escolares é enquadrado pelo Modelo de Avaliação da Biblioteca Escolar, que integra um conjunto de orientações destinadas a conduzir a ação das bibliotecas em direção à excelência.

A este Modelo, juntou-se em 2021 o Quadro Estratégico 2021-2027 Bibliotecas Escolares: Presentes para o futuro que, partindo de um diagnóstico e de orientações nacionais e internacionais, define as linhas de ação que norteiam a atividade da Rede de Bibliotecas Escolares (RBE), durante o seu período de vigência.

A ação da biblioteca, seja no domínio da gestão funcional, seja no âmbito da dinamização pedagógica, é suportada pelos valores inscritos nesse quadro estratégico, com especial relevo para a liberdade, a diversidade, a colaboração e a excelência.

Este documento prevê que, em cada ano, sejam definidas áreas de intervenção prioritárias, embora, naturalmente, devam continuar a ser atendidos os vários fatores críticos de sucesso nos diferentes domínios de atuação da biblioteca.

Num ano em que se celebra o quinto centenário do nascimento de Camões, a sua vida, a sua obra e o seu contributo para a nossa identidade serão necessariamente matérias a abordar em muito do que formos fazendo, com engenho e arte

Em 2024-2025, as bibliotecas escolares atentarão especialmente nos domínios de intervenção seguintes:

  • Leitura, escrita e oralidade;
  • Media e informação;
  • Humanismo e interculturalidade;
  • Infraestrutura física e digital.

Mais informações >>

terça-feira, 16 de julho de 2024

ANDA Conhecer Portugal I Voucher gratuito


A partir de 15 de julho, quem conclui o 12.º ano no presente ano letivo já pode resgatar o voucher do programa “ANDA Conhecer Portugal”. “Esta iniciativa visa proporcionar experiências enriquecedoras e educativas, permitindo que os jovens explorem as belezas naturais, históricas e culturais do nosso país de forma gratuita.”, pode ler-se num comunicado da Movi Jovem.

O programa “ANDA Conhecer Portugal”, está destinado a quem conclui o ensino secundário em 2023, 2024 e 2025 e oferece a oportunidade única de viajar por todo o território nacional gratuitamente, através de viagens de comboio na CP – Comboios de Portugal durante 7 dias, com 6 noites de estadia na rede de Pousadas de Juventude.

Os jovens devem visitar o site www.andaconhecerportugal.pt e realizar a sua inscrição. Após a inscrição, cada jovem receberá voucher que poderá ser utilizado na rede de transportes ferroviários e alojamento em mais de 30 Pousadas de Juventude.

O “ANDA Conhecer Portugal” é uma iniciativa do Governo de Portugal, em parceria com a Movijovem e a CP – Comboios de Portugal que tem como objetivo promover a igualdade de oportunidades para a juventude.

Fonte:

segunda-feira, 15 de julho de 2024

A Biblioteca em números

Chegámos ao final de mais um ano letivo.

Este é, ainda, o momento de refletir sobre o caminho traçado, de fazer o balanço dessa caminhada, de prestar contas e de demonstrar os contributos da biblioteca para a concretização dos objetivos do projeto educativo da escola.

Aqui fica um infográfico no qual partilhamos os dados do trabalho desenvolvido neste ano letivo.


quarta-feira, 10 de julho de 2024

PNL | Livros recomendados - 1.º semestre de 2024


Os livros recomendados pelo PNL2027 respeitantes ao 1.º semestre de 2024 já se encontram no Catálogo PNL. As sugestões de leitura incluem, como habitualmente, temas variados e destinam-se a todos os públicos - crianças, jovens e adultos.

Aproveite as férias para relaxar, para ler e dar a ler os novos títulos recomendados pelo PNL2027.

Nas recomendações deste semestre descubra, entre outros:

  • 25 de Abril de 1974, Quinta-feira, de Alfredo Cunha, publicado por Tinta-da-China;

  • A amiga genial : romance gráfico, de Elena Ferrante e Chiara Lagani, il. Mara Cerri, publicado por Relógio d' Água

  • Ao ritmo do Harlem, de Colson Whitehead, publicado por Alfaguara

  • Do que precisas para não ter frio, de Neil Gaiman, publicado por Presença

  • Perder-se, de Annie Ernaux, publicado por Livros do Brasil

  • Sem amor, de Alice Oseman, publicado por Desrotina

Boas leituras!

quinta-feira, 4 de julho de 2024