O alpinista João Garcia esteve na ESA, a convite do aluno Gonçalo Ferreira (no âmbito do livro apresentado no Contrato de Leitura), do 10º2, e com coordenação e organização da professora de Português Ana Mendes da Silva, para partilhar com os alunos das turmas de 10º ano da professora (10º2, 10º4 e 10º 5), no auditório do pavilhão BN2, as suas experiências na prática desta modalidade desportiva, modalidade bastante difícil e que contém um coeficiente de risco que, como salientou, tem de ser gerido com muito bom senso. Esta sessão teve a cooperação da BE/CRE na organização da Feira de Livro do autor e no apoio à organização do evento.
A sessão foi antecedida pela apresentação de uma breve biografia de João Garcia e do resumo do seu livro “A mais alta solidão”, realizada pelo Gonçalo Ferreira e começou com o visionamento de um filme trazido pelo convidado.
A conferência de João Garcia baseou-se na sua vida como alpinista, dando a conhecer algumas das dificuldades enfrentadas na ascensão a montanhas com altitudes superiores a 8000 metros. Uma das dificuldades mencionadas foi a baixa temperatura, que diminui cerca de 6ºC por cada 1000 metros, o que significa que a 8000 metros a temperatura é -48ºC do valor registado ao nível médio da água do mar.
Outra dificuldade difícil de superar é a escassa humidade relativa, que atinge valores ínfimos da ordem de 5%, o que obriga à ingestão de líquidos para evitar a desidratação. A desidratação do organismo torna o sangue mais espesso e mais difícil a sua circulação e pode mesmo ocasionar a falta de irrigação dos vasos capilares periféricos o que pode exigir, em situações extremas, a amputação dos membros, como sucedeu ao nosso convidado que, deste modo, perdeu os dedos das mãos.
Como curiosidade a audiência ficou a saber que o fogão é um recurso imprescindível na ascensão às altas montanhas. Este é utilizado para aquecer e derreter a neve e o gelo e, assim, repor os níveis mínimos de hidratação do organismo.
João Garcia fez ainda referência à dificuldade gerada pela rarefação do ar que obriga a inspirações segundo a segundo, com consequências na diminuição do ritmo do andamento e na sensação de isolamento, em relação aos companheiros de escalada, do desportista. Citou o seguinte exemplo elucidativo: quando um alpinista se encontra a 100 metros do companheiro da frente e a 50 metros do companheiro imediatamente atrás de si, tal corresponde, a uma distância-tempo, respectivamente, de uma hora e de meia hora.
Frisou a necessidade de uma boa preparação física e da minimização do risco, que será tanto maior quanto mais prolongado for o período passado nestas altitudes tão elevadas. Justificou o recurso aos patrocínios e lamentou que os órgãos de comunicação social nacionais tivessem dado mais realce aos seus sucessos precisamente na subida que, segundo as suas palavras, pior correu: a subida ao Everest em que morreu um seu amigo e companheiro.
Em seguida ouviu e respondeu às questões colocadas por alunos e professores.
Foi um prazer receber João Garcia que deixou uma mensagem importante aos nossos alunos – o sucesso só se alcança através da preparação e do trabalho árduo e que nunca enganamos a nossa consciência.
Ao alpinista João Garcia apresentamos o nosso mais reconhecido agradecimento.
A sessão foi encerrada com os habituais pedidos de autógrafos.
Aqui ficam registados alguns momentos deste encontro, com as fotografias tiradas pelo nosso colega, já aposentado - Leonídio Henriques, a quem agradecemos este contributo.